sexta-feira, 4 de julho de 2003

Notas turcas 1

Cinco dias em turismo profissional na Turquia dão pano para mangas. Por exemplo:

A Turquia faz fronteira com países como a Geórgia, a Arménia, o Azerbaijão, o Irão, o Iraque e a Síria. Eu sei, isso vê-se em qualquer atlas, não era preciso ir lá. Mas a verdade é que lá percebe-se melhor o dilema (dirão uns) ou a oportunidade (dirá, talvez, uma minoria) de a União Europeia absorver a Turquia. Quando e se isso acontecer, a UE terá na fronteira alguns dos mais perigosos países do mundo. Quer isto dizer que, em termos práticos, Portugal passa a ter fronteira com alguns do países mais ameaçadores do planeta. E já em 2004 vamos ficar às portas da Rússia.
Não se trata, apenas de uma questão simbólica, de fronteiras. Tem a ver com a livre circulação de bens e pessoas (e culturas e bandidos...) e também com o funcionamento interno da própria União. Estamos a dar passos irreversíveis e gigantescos, que é preciso discutir, de preferência sem aqueles chavões de benemerência que os governos costumar usar («apoiamos a aproximação da Turquia à UE»), mas também sem os alarmes insensatos e bloqueadores do estilo «vêm aí os árabes».