Inferno e perdão
Na SIC terminou hoje a novela O Quinto dos Infernos, coisa bem disposta, animação à brava, sexo tórrido. E em que os palhaços eram... adivinharam... os portugueses. D. João VI em versão completamente alucinada; D. Miguel encharcado em taras sexuais; D. Pedro, o único mentalmente razoável, a renegar isto tudo e a fundar o Brasil. A xenofobia do costume, em versão light, que assim a malta sorri e não se ofende.
Noutros tempos, os dilectos herdeiros daquela cambada de dementes tinham feito um barulho que haveria de se ouvir no outro lado do Atlântico. Sim, nós sabemos que quando D. João VI chegou ao poder já os primos e irmãos da nossa monarquia se tinham casado tantas vezes uns com os outros que foi o que deu...
Isso é uma coisa, a outra é vir alguém de fora gozar connosco. Isso não. Gozamo-nos em família, que, além de fazer rir, nos martiriza ainda mais.
Estranho, por isso, o silêncio sobre O Quinto dos Infernos . Não se pedia que descessem a Avenida, ou que se manifestassem em frente à embaixada do Brasil (ou mesmo em frente à SIC, que sempre garantia maior exposição...). Mas nem um artiguinho de jornal? Os conservadores portugueses fazem jus à tradição: já não são o que eram.
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