domingo, 27 de julho de 2003

A cabala - um caso

O Expresso de ontem (página 3) é um excelente exemplo das tais coincidências.
Em causa estão as auditorias feitas à Casa Pia, durante os governos socialistas, e que, no entender de algumas pessoas, são reveladoras do envolvimento avant la lettre da actual direcção do PS no escândalo da Casa Pia.
Diz o jornal que o PS «refuta as acusações» de que teria tido conhecimento de abusos sexuais na Casa Pia nessa altura. Mas, acrescenta o Expresso, «a investigação de 1998 relata-os». E o Expresso apresenta excertos da tal auditoria e as três referências a crimes sexuais que nela surgem:
1. Um aluna que era apalpada pelo director. Sobre isto, a inspectora não conseguiu «concluir pela veracidade e fundamento» da queixa. E escreve no relatório que a questão estava «ultrapassada».
2. Um funcionário desfloraria alunas sem ser incomodado. O relatório cita vários responsáveis da Casa Pia, que negam os factos, e fica-se por aí.
3. O famoso «funcionário de nome Silvino» que mantinha relações sexuais com rapazes. O relatório faz o historial: após ter sido demitido foi readmitido por ordem do Supremo Tribunal Administrativo (leram bem, Supremo...).
Ou seja, a auditoria, realizada por inspectores, refere dois não-casos e um caso resolvido (mal...) pela Justiça. Com isto, o Expresso fez um caso que já vai em dois episódios. E, sem que alguém levante o cu da cadeira para falar com alguém que tente explicar o que se passou, se houve pressões para suavizar o relatório (como os jornais anglo-saxónicos fizeram agora com o Iraque...), chama a isto investigação.
E há quem diga que estamos perante um caso de justiça! E há quem queira assacar responsabilidades políticas!