sexta-feira, 11 de julho de 2003

Escrever

Há coisas assim:
«Para que percorres inutilmente o céu inteiro à procura da tua estrela? Põe-na lá»

E assim:
«Se realizaste uma obra, criaste uma reforma política ou inventaste um novo aguça-lápis, terás logo quem te odeie de morte. Não penses que te odeiam pelo aguça-lápis, a reforma ou a obra. Odeiam-te é por existires. E essa é uma razão decisiva, porque não podes refutá-la».

Um Pouco Mais de Sul imagina Torga num blogue. O Abrupto tira da estante os Cadernos de Camus. Como penso que não estamos a eleger um santo para a blogosfera, atrevo-me a sugerir Vergílio Ferreira. Por exemplo, estes textos de Escrever, obra póstuma (2001), edição da Bertrand. Onde se pode ler:
«O futuro. Um bando de criminosos assaltou um comboio e matou com um gás letal dezenas de pessoas. Um suicida terrorista matou-se com todos os pasageiros de um autocarro. Aviões de passageiros são abatidos. Bandos guerreiros trucidam-se uns aos outros. O crime é o poder».
A quem interessar, os textos são da primeira metade da década de 90.