sábado, 26 de julho de 2003

Justiça - uma resposta ao Liberdade de Expressão (II)

O (meu) problema com o Liberdade de Expressão (LE) são coisas como estas:

O Terras do Nunca afirma que o PS desmentiu que Pedro Namora se tenha encontrado com um alto dirigente do PS entre os dias 25 de Novembro de 2002 e 13 de Fevereiro de 2003. O problema é que este desmentido vale muito pouco. A noção de alto dirigente do PS é demasiado vaga para que alguém possa desmentir o que quer que seja em nome de todos.
O próprio LE considera que a acusação é demasiado vaga (ou seja, atinge toda a gente, não atingindo ninguém...) para ser desmentida. Kafka, descansa em paz, tens seguidores à altura.

O Terras do Nunca afirma que eu não vejo a polémica, que envolve juízes, políticos, jornalistas, toda a gente, de todos os quadrantes políticos, que enche os media sobre vários aspectos do funcionamento da justiça. Claro que vejo, mas também vejo que esta é uma polémica estéril e inconsequente e resulta da histeria do momento.
O que de melhor esta polémica tem, a possibilidade de melhorar o sistema de justiça, de o afinar (mesmo o LE há-de reconhecer que o sistema não é perfeito, nunca é...), o LE decide ignorar. Afinal de contas, que se lixe o sistema, nós queremos é agarrar o gajo...

No caso Paulo Pedroso, foi dito que foi negado o direito ao recurso e a culpa foi lançada para o Juiz da Relação. Acontece que o juiz da relação cumpriu escrupulosamente a lei e não podia ter feito outra coisa.
O juiz antecipa a reapreciação do caso, quando tinha mais umas semanas para o fazer, numa altura que havia um recurso, e o LE acha normal. Ninguém acha isso, mas o LE acha.

Infelizmente, não sou eu que ridicularizo Ferro Rodrigues. É o próprio que o faz nas suas intervenções.
Esta é a frase que me leva a pensar que estou a perder tempo.

Vejo na televisão que o PS acaba de desmentir a notícia do Independente. Infelizmente, o PS não está em condições de desmentir o essencial da notícia do Independente. Isso só pode ser feito pelo director do CIDEC, por um tal Osvaldo Moleirinha, pelo procurador Joao Guerra ou por Saldanha Sanchez.
O que dizer sobre isto? O LE acha que toda a gente pode falar, dizer, contradizer, guardar factos durante oito (!!!) anos, falar quando lhe apetece. Toda a gente menos o PS. Toda a gente pode falar (e, logo, ter razão, na bitola do LE...),menos o PS.
No meio de tudo isto, só acho estranho que o LE considere que o sistema de justiça está a funcionar. Porque, para o LE, a justiça dever-se-ia limitar a prender o Ferro e o resto da maralha do PS. Quanto à acusação, as provas, o contraditório, a instrução, o julgamento, esses pormenores todos, isso depois logo de veria.
Termino aqui, que a coisa vai longa. E continuo com a sensação de que estou a perder tempo.