sexta-feira, 25 de julho de 2003

Justiça - uma resposta ao Liberdade de Expressão

O Liberdade de Expressão (LE) sugere-me que explique porque considero primárias as suas apreciações acerca do caso Casa Pia e suas ramificações políticas.
O LE selecciona as notícias que lhe agradam, que sustentam as suas teses pré-concebidas, e ignora todas as outras. Exemplo: o LE espanta-se que uma notícia do Expresso não tenha tido impacto, mas no mesmo parágrafo diz que nem sequer era nova (já tinha vindo no DN e no Público)... Espanta que LE, leitor tão atento, não tenha visto os desmentidos às primeiras notícias. Como espanta que não tenha visto as reacções, no dia, às segundas, com promessa de processo judicial. Isto por um motivo muito simples: o LE tem horror do contradidório, da legítima defesa. Num estado de direito, quem é acusado tem direito a ser ouvido. E a que tenham as suas justificações em consideração.
O LE conclui um dos seus textos com uma asserção tenebrosa - uma notícia sobre um encontro de Pedro Namora com um «alto dirigente do PS». O PS desmentiu, mas, mais uma vez, o LE não viu. Pergunto ao LE: sabe do que se falou nesse encontro, partindo do princípio de que ele existiu?
Perco tempo. Porque o LE não vê nada. Não vê a polémica, que envolve juízes, políticos, jornalistas, toda a gente, de todos os quadrantes políticos, que enche os media sobre vários aspectos do funcionamento da justiça. Mais cego que a justiça, só o LE: «A máquina da Justiça está finalmente a funcionar». Parem o debate, o LE descobriu a pólvora.
E o LE não vê nada porquê? Porque o LE tem o raciocínio turvado pelo ódio. Em vários textos, o LE menoriza, ridiculariza, Ferro Rodrigues. Está no seu direito. O ódio pode ser um bom instrumento de acção política, não é, seguramente, aconselhável a quem gosta de reflectir sobre o mundo e a causa das coisas. Eu tento navegar no segundo grupo.