sábado, 12 de julho de 2003

O jornalismo que temos - uma resposta

Aí vai, então, o «chuveirinho de humildade».
1. Uso e abuso das expressões «genericamente», «nomeadamente», «raríssimas excepções» e outras equivalentes, não por qualquer falta de coragem de chamar os bois pelos nomes, mas simplesmente porque abomino a mania das generalizações que ultimamente se apoderou dos nossos comentaristas, principalmente os da área política. Não acho que isto seja tudo uma choldra, uma cambada de corruptos, ou que todos queiram mamar desonestamente. Pelo contrário, esforço-me por distinguir o trigo do joio.
2. Daí que, lendo o que escrevi, facilmente se conclui que ainda vai havendo jornalismo aceitável em Portugal. No «caso Preto», lamento, não o encontrei.
3. Dás, em abono das tuas teses, o exemplo do Expresso. Um jornal que, curiosamente, já foi abordado, na blogosfera, pelo menos pelo Abrupto e pelo A Esquina do Rio. O Expresso é o exemplo mais perfeito da forma como as fontes ocupam, distribuem, espaço nos media. Só não só muito radical quanto a isso porque fui descobrindo, com experiência vivida, que certos jornais só funcionam com certas fontes, como certas fontes só funcionam com certos jornais. O Expresso talvez só seja mais transparente (não vi a publicação de um Código de Conduta, na edição de ontem, como um gesto de cinismo, mas como um gesto real para um relacionamento mais transparente com a sociedade). Sei, por isso, que soube do «caso Preto» pelo Expresso porque alguém quis que eu soubesse pelo Expresso.
4. As fontes. Meu caro, não há jornalismo sem fontes. Outra coisa é o jornalismo que se fica pela fonte. E uso deliberadamente o singular, porque, neste caso, imagina!, até estou de acordo com o teu director. Também acho que, aqui e lá fora, se anda a fazer muito jornalismo de uma só fonte, o que, em muitos casos, transforma os jornalistas em porta-vozes.
5. Cada vez sou mais crítico dos media e do jornalismo que se vai fazendo. Mas cada vez estou mais convicto da necessidade absoluta dos media, com todos os defeitos do mundo. Tão imperfeitos quanto o mundo. O como paradigma: ficou mais fragilizado desde que reconheceu que errou, mas o reconhecimento do erro New York Times permite-lhe enfrentar o futuro com outra força.

Abraços retribuídos (será que isto de enviar abraços pela blogosfera viola algum código de conduta)