O tabu
Pudor é uma palavra que gosto de usar quando falo de JPP. Porque, sabendo ele muito (entendam a expressão no seu mais amplo significado...), escreve e fala do que sabe sem nunca dizer tudo o que sabe.
Podia, muito simplesmente, dizer-nos que a presença de Paulo Portas num governo liderado pelo PSD, que a presença daquele jornalista no centro do poder, é um dos mais absolutos actos de chantagem a que a democracia portuguesa se entregou. Porque se trata de uma chantagem não assumida, uma chantagem doce.
Mas não. Prefere falar de uma «relação particularmente doentia e ambígua». E alguém falou aqui de Paulo Portas?
JPP, porém, não se fica por aí. É um jogador, ou melhor, ele é a máquina, o computador, que joga connosco. Conhece a sequência de lances, dá-nos pistas, baralha o jogo.
«Como é que ele pode iludir que sabe, no mesmo gabinete, no mesmo partido, quem informa os jornais?», esse poder supremo de influência.
E, aqui, JPP esconde o jogo. De quem fala ele? Que ministros, que meandros do poder, tem Paulo Portas no bolso? Até onde chega a chantagem? Fica-se pelos corredores do Governo, ou desliza docemente por outros poderes muito menos visíveis?
JPP saberá alguma coisa sobre isso. Não esqueçam. Ele prometeu um texto sobre o jornalismo do velho Independente que tarda em aparecer. Ele é um coleccionador confesso. Ou acham que a famosa biblioteca é só primeiras edições da Montanha Mágica?
Por vezes, JPP abre o jogo. Como quando o cavaquismo entrou em decadência. Mas esta não é ainda a hora.
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