A pia causa
«Casa Pia - um ponto de vista» é um texto do Guerra e Pas com o qual discordo profundamente. Ele insere-se numa linha de raciocínio - pois, pois, isso que estão a discutir é muito interessante, mas estão a esquecer-se das crianças abusados - que tem sido usado pelo ministro Bagão, a provedora Catalina e os-já-perceberam-qual-o-papel-deles-nesta-história? Namora e Granja.
Ora, ninguém está a esquecer as crianças e o seu sofrimento. Mas não me peçam para sofrer ou ter complexos de culpa em nome delas. Aquelas crianças foram entregues ao Estado, que prometeu cuidar delas. É o Estado, e nenhum dos cidadãos ou grupos de cidadãos, que deve ser integralmente responsabilizado pela segurança, carinho e educação daquelas crianças. Das que sofreram e das que lá estão e que se espera não venham a sofrer.
A existência de preventivos, o segredo de justiça, as escutas telefónicas, todas as tramas da investigação, os erros e sucessos da Justiça, nada disso tem a ver com o que atrás foi dito.
Falar das crianças de cada vez que se discute o funcionamento da justiça - alegando que nos estamos a refugiar na forma, esquecendo a substância - é de um populismo e demagogia totalmente paralisantes. Pela minha parte, recuso-me a ceder a essa chantagem.
No sistema mediático em que vivemos, há espaço para tudo. Para todos os debates. Que se discuta a melhor forma de proteger as crianças. Mas que não se menorizem as outras discussões.
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