sexta-feira, 22 de agosto de 2003

Israel II

O Jaquinzinhos, o Abrupto, o Alfacinha (foi os que vi até agora) escreveram sobre Israel e, de uma forma ou de outra, tocaram em dois ou três pontos que me interessa discutir. Serenamente. Só para tentar compreender.
1. Há quem argumente que os palestinianos fazem terrorismo e Israel desenvolve acções de guerra. Eu não consigo entender como consegue Israel desenvolver sozinho uma guerra. Uma guerra, por definição, pressupõe, pelo menos, dois lados.
2. Há quem não consiga entender que, entre os radicais palestinianos, haja moderados. Agora é a minha vez de sacar de uma tirada recorrente neste tipo de debates: essa gente não percebe nada do problema. Os EUA perceberam e, por isso, afastaram Arafat de todo o processo e tentaram encontrar interlocutores válidos (Bush já recebeu Mazen na Casa Branca, bolas!). O road map, e convém lembrar que se trata de uma proposta dos EUA/UE/ONU/Rússia, prevê o desmantelamento das organizações terroristas. Em ponto algum esse desmantelamento passa pela aniquilação física dos seus membros. Isso seria (é!) deitar petróleo na fogueira. Acresce ainda que organizações como o Hamas gozam de mais simpatia entre os palestinianos do que muitos imaginam (até porque não são apenas organizações terroristas...). Por cada militante morto, outros se levantam. Em crescimento exponencial. No limite, toda a Palestina é do Hamas... A única maneira de lidar com o problema é pela vias democráticas, judiciais, do convencimento, da demonstração da inutilidade da violência. É isso que Mazen está a tentar fazer, com o apoio dos EUA e contra Arafat.
3. Israel tem no problema uma responsabilidade acrescida. A de se comportar de acordo com os critérios de um estado de direito. Como quer o governo de Sharon mostrar que a razão está do seu lado se usa o mesmo tipo de recursos dos terroristas? Um mundo de paz não se constrói erguendo muros contra os vizinhos que não gostam de nós. Constrói-se demontrando-lhes a cada oportunidade, mesmo que isso represente sacríficios e mais sacríficios, que a razão está do nosso lado. Que há uma maneira de, na diferença, nos entendermos. O comportamento de Sharon alimenta a espiral da violência.