Um fogo antigo
Uma das vantagens de ter estado de férias por estes dias foi a de não me ter sentido obrigado a escrever sobre os incêndios. Nada percebo de política florestal, muito menos de combate a fogos e, sinceramente, entediam-me estas eternas discussões sobre seja o que for que acabam sempre reduzidas ao confronto político mais básico.
Por exemplo, a Economist dedicou um quarto de página aos fogos em Portugal, Espanha e França. Logo no título, avança: Could this year's summer fires have been prevented? Probably not. Se ler esta frase pela bitola de análise tão em voga em Portugal, chego à conclusão de que, sendo a Economist uma revista conservadora e estando os conservadores no poder nos três países referidos, estamos perante uma mera afirmação desculpabilizante. Governasse a esquerda e a Economist seguramente encontraria falhas gravíssimas de origem humana.
Prefiro, porém, pensar que os incêndios - ou melhor, os efeitos especialmente desvastadores destes incêndios - se devem a um antigo fogo que arde sem se ver no resto do ano. Um fogo que mistura explosivamente exageradas doses de incúria com uma total ausência de planeamento do território.
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