quarta-feira, 3 de setembro de 2003

O almoço da (con)fusão

Hoje fui almoçar a casa da tia Clotilde. Vocês não a conhecem, claro. Mora em Odivelas, numa casinha pequenina que não se vê da auto-estrada.
Todos os meses almoço com a tia Clotilde, desde que o meu tio fugiu para o Brasil. Os almoços com a tia Clotilde, ao contrário do que possam pensar, são bastante divertidos. Um dos nossos passatempos preferidos é a troca de ideis sobre música. Costumo levar-lhe sempre umas coisas do Neil Young (é doida pela fase Crazy Horse...) e ela tem sempre umas raridades da Joni Mitchell para a troca.
O único inconveniente, calculam, é que acabo por perder a noção do tempo. Hoje, cheguei ainda não era meio dia e saí de lá agora.
A tia Clotilde tinha preparado o meu prato favorito: chicharros com arroz de feijão. Ainda a ajudei a albardar os chicharros. E cortei um par de tomates aos cubos que temperei com poejos. O vinho, de há uns anos para cá, é sempre Duas Quintas.
Corria bem a conversa, e a música ainda melhor, quando a minha tia atira: «Então e Israel?»
Vocês não a conhecem, mas a minha tia é uma provocadora nata.
O Duas Quintas tinha causado os seus efeitos. Imaginem quando é cruzado com Neil Young.
Desatei numa data de impropérios. A tia não se ficou. É sempre assim, tinha-me esquecido de avisar. Os almoços com a tia Clotilde, a danada da velha, acabam sempre numa enorme (con)fusão.

[Dedicado à Ana e ao João Pedro. O Simas e a Maria José estão de férias. E, já agora, a todos os que, de alguma forma, se preocupam com os meus almoços. Para o mês que vem, levo-os a casa da tia Clotilde.]