O sistema eleitoral
Alguns blogues estão a discutir, com intensidade e seriedade, propostas para a revisão do sistema político. Ideias que circulam: a substituição do método de Hondt, nova configuração dos círculos eleitorais, a redução do número de deputados.
Devo dizer que encaro com muita reserva este tipo de debates. É óbvio que o nosso sistema político está enfermo, o que tem conduzido a um afastamento progressivo das pessoas. A política é uma das actividades mais descredibilizadas, e não é um mal exclusivamente nosso.
Da sucessão de debates que ocorreram nos últimos anos, cheguei à conclusão de que é impossível uma reforma radical do sistema. Isso pressuporia um vasto entendimento ao nível do próprio sistema, além de uma certa dose de risco, que as democracias, por definição, não gostam de correr.
Fui consolidando, por outro lado, a ideia de que é preferível ir actuando, de forma mais ponderada, mais faseada, sobre a base do sistema, ou seja sobre o funcionamento dos partidos. Considero que a quase totalidade dos males que vemos espelhados, por exemplo, no parlamento, têm origem nos partidos.
Nunca se fez em Portugal um trabalho sério, exaustivo, sobre o funcionamento dos partidos. Mas todos percebemos que essas organizações assentam no caciquismo, no amiguismo e outros ismos de péssima conotação. A democracia intrapartidária é uma farsa.
Como não acredito em rupturas, só vejo uma forma de mudar as coisas - passo a passo, com mudanças mais ou menos vastas na legislação, com a entrada de gente nova. Isto não se resolve numa geração. As leis precisam de ser testadas e muita da gente nova que vai entrando tem mais vícios que aquela que já lá está (as juventudes partidárias são autênticos ninhos de tudo o que não deve ser a política...). Mas o caminho faz-se caminhando...
Apesar destas minhas reservas, acompanho com interesse o debate, por exemplo, na Janela para o Rio, Mata-mouros, Catalaxia e Blog sem Nome.
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