quinta-feira, 25 de setembro de 2003

O sistema eleitoral

Alguns blogues estão a discutir, com intensidade e seriedade, propostas para a revisão do sistema político. Ideias que circulam: a substituição do método de Hondt, nova configuração dos cí­rculos eleitorais, a redução do número de deputados.
Devo dizer que encaro com muita reserva este tipo de debates. É óbvio que o nosso sistema polí­tico está enfermo, o que tem conduzido a um afastamento progressivo das pessoas. A polí­tica é uma das actividades mais descredibilizadas, e não é um mal exclusivamente nosso.
Da sucessão de debates que ocorreram nos últimos anos, cheguei à conclusão de que é impossí­vel uma reforma radical do sistema. Isso pressuporia um vasto entendimento ao ní­vel do próprio sistema, além de uma certa dose de risco, que as democracias, por definição, não gostam de correr.
Fui consolidando, por outro lado, a ideia de que é preferí­vel ir actuando, de forma mais ponderada, mais faseada, sobre a base do sistema, ou seja sobre o funcionamento dos partidos. Considero que a quase totalidade dos males que vemos espelhados, por exemplo, no parlamento, têm origem nos partidos.
Nunca se fez em Portugal um trabalho sério, exaustivo, sobre o funcionamento dos partidos. Mas todos percebemos que essas organizações assentam no caciquismo, no amiguismo e outros ismos de péssima conotação. A democracia intrapartidária é uma farsa.
Como não acredito em rupturas, só vejo uma forma de mudar as coisas - passo a passo, com mudanças mais ou menos vastas na legislação, com a entrada de gente nova. Isto não se resolve numa geração. As leis precisam de ser testadas e muita da gente nova que vai entrando tem mais ví­cios que aquela que já lá está (as juventudes partidárias são autênticos ninhos de tudo o que não deve ser a política...). Mas o caminho faz-se caminhando...
Apesar destas minhas reservas, acompanho com interesse o debate, por exemplo, na Janela para o Rio, Mata-mouros, Catalaxia e Blog sem Nome.