sábado, 18 de outubro de 2003

Declaração

No Glória Fácil, asl pede aos amigos que não lhe falem da Casa Pia. O PG, no Bloguítica, teve um momento de nojo, mas voltou à superfície. Já há dias, o daniel, no Barnabé, temia a ressaca. Há pouco, foi o Rui, do Adufe, a informar-nos que vai atravessar um deserto só dele.
O processo Casa Pia, mas principalmente o cruzamento deste processo com o mundo da política, está a atirar-nos para um fosso. Em calma mas contínua espiral.
É certo que, pelo meio de tudo isto, há uns tantos cheios de certezas. Porque acreditam em tudo o que querem acreditar, porque talvez deles seja o reino dos céus.
Para esses tantos, os culpados há muito que estão encontrados. Para alguns deles, aliás, o que era preciso era inventar o crime, pois os culpados já eles tinham identificado.
Dizem-me que pode ser o regime democrático que está em causa. Dizem-me que é a justiça que está podre. Apontam-me a política - é ali, naquele reino, que se movem os maus. Eu vejo isso, mas vejo, talvez mais de perto - deformação profissional - que também os media são uma merda.
E agora? Desistimos?
Chegados tão fundo, e olhando ainda mais para baixo, a tentação é grande. A atracção é irresistível.
Mas ainda não. Seguramente, não. Nunca, não.
Desculpem lá o mau jeito, mas tenho de continuar. Há-de haver algures uma racionalidade para tudo isto. É o coração que o diz, mais que a razão.
Por um imperativo de lucidez, por uma imperativo de sobrevivência, de civilização, continuo.