sábado, 4 de outubro de 2003

Iraque - desafios à inteligência

Há coisas que desafiam a inteligência.
Os EUA enviaram ao Iraque, há três meses, uma vastíssima equipa de peritos comandada por David Kay (da CIA) que acaba de apresentar o seu primeiro relatório sobre as famosas armas de destruição maciça (WMD). O relatório (ou melhor, a apresentação que Kay faz do relatório está disponível aqui). Basicamente, não encontraram nada. Limitam-se a confirmar o que já se sabia antes da guerra: que Saddam já usara WMD e que os EUA estavam convencidos de que continuava a ter ou tinha planos para ter. Provas, nada. Nem antes, nem agora. Ao fim de três meses, dizem que conheceram umas pessoas e que ainda tencionam falar com elas (não fosse isto trágico, seria de partir o côco a rir...).
Perante estas fantásticas declarações, George W. evacuou um daquels soundbytes de que os media tantos gostam: que a verdade é que o mundo está mais seguro sem Saddam.
Até pode ser verdade. Como é verdade que o fulano era um ditador, um facínora que ninguém gostaria de ter como vizinho. Mas, antes da guerra, como agora (a memória ninguém nos tira...), não é isso que está em causa - o que está em causa são os argumentos utilizados pela Administração americana para desencadear a guerra. São esses argumentos que a Administração americana tem de demonstrar para que não continuemos a pensar que se tratou tudo de uma valente palhaçada.
[Este texto foi escrito após ter lido um dos gurus da blogosfera portuguesa, o idiota chapado do Andrew Sullivan. Leiam para crer.]