O Império (o Afeganistão)
Num daqueles programas com a que a Euronews preenche os compassos de espera - chama-se No Comments e é um achado televisivo: só imagens e sons, sem interpretação - passaram hoje imagens de um estúdio de rádio em Cabul, Afeganistão.
O animador convenientemente engravatado, a animadora com a face descoberta, as paredes exibindo fotos de Britney Spears (por enquanto, só as poses virginais...), a Shakira e o Ricky Martin.
Pensei: a democracia está a chegar ao Afeganistão...
Já sei, vão dizer-me: «Preferias os talibãs, a ditadura, as mulheres asfixiadas, meu sacana?»
De nada valerá dizer que preferia um pouco de decência em tudo isto. Que o Afeganistão continuasse a ser o Afeganistão e que a nossa alegada superioridade cultural e política - porque é disso que se trata - se impusesse pela sua força própria, e não pela força das armas.
Mas, é claro, o objectivo é mesmo que, daqui a um século, os turistas americanos (e talvez os japoneses...) possam viajar por esse mundo fora e ter em cada esquina um MacDonalds. Com umas especiarias afegãs aqui, umas ervas africanas ali, uns pózinhos orientais mais além. Mas sempre MacDonalds, com o respectivo excesso de colesterol, se faz favor.
Ah, a democracia?... Bom, mas essa não vem naturalmente atrás dos MacDonalds?
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