Percebo-o, perplexo-me, mas não concordo
O CAA é um dos bloguistas (blogueiros?) mais activos e equilibrados do burgo. A prová-lo está o facto de por vários vezes ter premiado o TdN com os seus prémios semanais (estou a brincar...). E a provar essa regra há a excepção do carinho que nutre por Arafat (estou a falar a sério...).
[Aqueles parênteses são um plágio de um texto muito antigo do CAA. Uso-os quase como private joke só para irritar um amigo meu, que não tem blogue e que passa a vida censurar as nossas conversas em circuito fechado.]
Decididamente, o CAA não gosta de Jorge Sampaio. Longe de mim tentar convencê-lo do contrário.
Acho que o homem desempenha fielmente o papel que a Constituição lhe confere. Inércia? O CAA recorda-se, certamente, do maior intervencionismo de Mário Soares, nomeadamente contra Cavaco Silva. Mas não concorda que tudo aquilo foi um exagero? Sinceramente, não entendo onde poderia o PR intervir mais, nomeadamente pondo em causa legitimidades próprias, como sejam as da AR, do Governo, ou da Justiça, por exemplo.
Sampaio aposta claramente numa acção discreta, intramuros. Lembra-se o CAA, por exemplo, da demissão de Armando Vara? Quem a forçou? Além do mais, vários protagonistas da cena política coincidem na ideia de que o homem é incansável na tal gestão discreta de conflitos, chamando a Belém intervenientes e especialistas em várias matérias.
Dou-lhe um exemplo - na entrevista desta semana, ficou claro que o PR vê como muita preocupação a política de combate ao défice a todo o custo. Mas que pode ele fazer? Pedir a demissão da ministra Ferreira Leite, legitimada que está pela AR? Exigir que o Governo, eleito pelo povo, mude de atitude?
Nesta época de grande crispação, acho que Sampaio tem sido um farol de bom senso, de serenidade.
O CAA, pelos vistos, queria a revolução. Mas, meu caro, não será um contra-senso exigi-la ao Presidente? Não caberia isso, em primeira linha, aos partidos, ao Governo?
Eu também gostaria de mais - daí aquela bizarra fórmula verbal intercalar no título - mas eu, nos dias ímpares, ainda acredito na revolução. Azar que hoje seja 28.
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