Que o silêncio esteja connosco
Encontro-me em estado de coma anímico. Peço, por isso, desculpa aos amigos (e, principalmente, aos adversários - notai que não tenho inimigos...) que por aqui passam a altas (e a baixas) horas, mas não me encontro em condições de blogar em condições (que raio de figura de estilo é esta - ou será apenas falta de estilo?).
Tudo isto porque, por desprecaução (confirmem no Houaiss se a palavra existe, se não, registem-na e recebam as royalties) liguei os três canais de televisão à hora de jantar. Não foi, claro, ao mesmo tempo e isso talvez tenha sido a minha perdição - acabei por ver (e ouvir, senhores, e ouvir...) barbaridades aos quilos, afrontas ao bom gosto (e até ao mau...), sem-vergonhices descontroladas (e outras bem controladas)... enfim, um estendal.
Pois é, primeiro foi a provedora Catalina, virginal em suas pias causas, aquele chorrilho de comiseração, aquelas ofensas só aparentemente inocentes à Justiça (com jota grande) e à democracia (cada vez com dê menor).
E depois veio a amiga do Bibi, com entrevista em directo. A dizer as coisas mais inacreditáveis, também ela com a sua cabala (meu Deus, mas ninguém se interroga sobre quem é este ser, ao que vem, porque fala, porque a ouvem, o que quer ela?).
E ainda veio o advogado do Bibi, olho vivo, rebolando, também com entrevista em directo, a dar baile à jornalista e a empertigar-se, a facturar pelo presente e pelo futuro, ali à nossa frente.
O vómito, meus amigos, tem face e voz. Vi-o hoje, repetidamente, à minha frente. Assumindo sempre novas vozes, novas faces. Mas sempre vómito.
Façamos, então, um profundo acto de higiene. Que o silêncio esteja connosco.
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