Relato da loucura contemporânea
Arnaldo Jabor escreveu esta semana sobre a loucura da nossa época. Vale a pena ler tudo, enquanto está acessível (basta registar, não é necessário pagar). Fica um excerto:
As paixões passaram a durar o tempo entre duas reportagens de “Caras”. O amor é um pretexto para a orgia de troca-trocas narcisistas. O casamento virou um arcaísmo careta. O sexo, uma competição de eficiência. Onde está a sutileza calma dos erotismos delicados? Onde, o refinamento poético do êxtase? Nada. No sexo, o desejo é virar máquina e atingir o desempenho perfeito, o orgasmo definitivo.
Até criticar o erro do mundo ficou ridículo. A arte ficou ridícula, inócua, pregando num deserto de instalações melancólicas que ninguém vê. O cinema virou um “titanic”, um videogame, com guetos de “independentes” queixosos. Os artistas não têm mais nem o consolo do pessimismo clarividente, do absurdismo iluminista de um Beckett ou Camus. Não há esperança nem na desesperança crítica. O absurdo ficou óbvio demais para ser condenado, superou o mais terrível pesadelo surrealista.
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