Ainda Istambul
O Cidadão Livre diz que discorda de mim, mas eu acho que não. Que me desculpe a presunção.
Os atentados desta semana em Istambul chocaram-se particularmente. Porque, de certa forma, se aproximam muito dos de Nova Iorque num ponto - quiseram atingir a convivência religiosa, civilizacional, cultural, em dois dos seus palcos mais óbvios. Istambul e Nova Iorque são pontos de encontro de quase tudo. E é isso que o terrorismo quer dinamitar. Uma imagem que me marcou esta semana foi a dos funerais dos judeus em caixões cobertos com a bandeira turca, ou seja com os símbolos do Islão.
O Cidadão Livre diz que os atentados de Istambul foram contra a «influência ocidental». Eu diria, num ponto de visto menos etnocêntrico, que foram contra uma forma mais arejada de viver o islamismo.
E quando escrevi que eles se dirigiam, em primeira instância a Bush-Blair, estava a pensar no facto de terem sido atingidos alvos britânicos no exacto momento em que Blair recebia Bush em Londres. Se quiserem, foi a maneira de a Al-Qaeda assinalar esse encontro.
Quanto ao essencial, penso eu, estamos de acordo.
No Cruzes Canhoto escreve-se que a organização de Ben Laden «pretende alargar a destabilização iraquiana a todo o Médio Oriente, no sentido de originar maior repressão, maior envolvimento dos EUA e consequente maior mobilização contra as suas hostes.» Absolutamente de acordo. E esse é o lado mais perverso do terrorismo - cada atentado ganha adeptos para a causa do radicalismo.
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