sexta-feira, 14 de novembro de 2003

Devaneios - uma discordância

Eu bem vos disse... Isto de me armar em Grande Organizador de Lusoblogues (GOL) só poderia dar para o torto.
O Retorta discorda de mim (e, se calhar, o Bloguitica só não discorda porque ainda não leu...). Imaginem se tivesse dado mais exemplos...
Escreve-me o Retorta:
Se é verdade que prefiro lançar pistas através de links, textos curtos e imagens (que na minha concepção têm de falar por si, sem qualquer texto a condicionar a interpretação de quem a vê) e por esse motivo posso "parecer" contemplativo, também é verdade que tenho procurado intervir em iniciativas que se traduzam em resultados concretos. Fotografar o Encontro Informal de Blogues e disponibilizar as fotografias on-line, colaborar com uma selecção
de poemas e fotografias no e-book de poesia da Janela Indiscreta, e criar o weblog de apoio à Intima Fracção, foram apenas algumas das acções em que estive envolvido. Como atesta a citação que enviei no mail anterior, eu privilegio as acções de criação, e nesse sentido sempre procurei "intervir" activamente, mesmo se nunca no campo da política corrente, e portanto não posso concordar com o "contemplativo".

Se calhar, o termo «contemplativo» não será o mais correcto. Mas quis com ele definir aquilo que me parece ser a pulsão central de certos blogues. Contemplativo, concordo, dá um tom demasiado passivo, o que comporta uma certa injustiça - afinal de contas, o próprio acto de criar um blogue é já acção. Escrever um poema pode ser um gesto de profunda intervenção. Apesar de tudo, parece-me que em alguns blogues a principal motivação é uma certa fruição, ver e dar a ver, ouvir e dar a ouvir, as coisas boas ou más da vida.
Este tipo de conversa sobre clasificações é, confesso, um pouco pateta. Por isso lhe chamei devaneio. É, no fundo, uma velha (e penso que eterna...) tendência da Humanidade para arrumar tudo em prateleiras. Na política é a batida divisão esquerda/direita, que tão depressa é actual como deixa de o ser.
Quanto à blogosfera, pela sua própria natureza inacabada, trata-se de uma classificação permanentemente em aberto. Como o debate acerca dela. Se alguém quiser continuar a conversa, vamos a ela. Se não, prossigamos para outros portos.