Disparem sobre os jornalistas
Os jornalistas saltaram para a primeira página. O DN faz uma sondagem, o Público faz listas de assessores.
O mal-estar é evidente e não é apenas nosso. Aqui e lá fora, o tema é trazido à discussão pelos políticos, geralmente quando o sistema mediático os incomoda. Ou melhor, o tema é trazido a debate por uma parte dos políticos quando os media incomodam essa parte de políticos. Não por acaso, as principais queixas surgem dos políticos que melhor se movem no espaço mediático. É natural.
Uma das correntes mais fortes - e basta ler os blogues - é exigir aos jornalistas um atestado de santidade (de virgindade, se quiserem...) que não se pede a mais ninguém.
Nos dias que correm, é perigoso para qualquer jornalista ser visto a tomar um café com quem quer que seja. Tudo isto me parece um exagero.
Há casos e casos, eu sei. Mas isso é como no resto. Também me chateia que um político tome decisões porque é amigo de alguém, porque nasceu em determinado local. Também me chateia que alguns juízes tomem outras decisões só porque advogam determinadas filosofias. Aborrece-me que os professores dos meus filhos lhes transmitam preconceitos de classe, religiosos.
Quero com isto dizer que vivemos num mundo em que a contaminação é a regra. Vivemos em rede, todos nos influenciamos, todos devemos algo a alguém, todos servimos causas (quantas vezes sem cheque ao fim do mês...). Não aceito por isso que se exija aos jornalistas a reclusão asséptica.
Eu, que até nem acredito por aí além nas leis do mercado, acho que o mercado (num sentido muito lato, não meramente mercantilista ...) terá de funcionar, também aqui.
Eu sei, insisto, que há casos e casos. Mas, volto a insistir, todos temos casos, não apenas os jornalistas.
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