quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Istambul

Conheci Istambul há poucos meses. Superficialmente, como acontece em viagens de turismo. Senti-me em casa, porque a luz é quase a de Lisboa, há o mar por todo o lado, como em Lisboa há o mar e esse outro mar que é o Tejo. Mas também porque nas ruas se respira um cosmopolitismo sereno. Mas também porque essa cidade de cruzamento de culturas, civilizações, religiões e continentes, que já foi de cá e agora é de lá, é um exemplo vivo de tolerância. Não apenas no principal monumento da cidade, onde Jesus ao colo da mãe convive com aqueles frases gritantes do Corão, mas também nas ruas, onde a memória de Agatha Christie se cruza calmamente com mulheres muçulmanas orgulhosamente ocidentalizadas.
Eu sei que aquelas ruas escondem violências antigas, talvez latentes. Mas também percebo que a cidade poderia ser um começo, um entre tantos outros, para um mundo um pouco melhor.
Os atentados desta semana são contra essa possibilidade. Esse esboço. Querem atingir Bush, Blair e companhia, mas o que realmente põem em causa é o outro lado. A parte do outro lado que Istambul representa.