domingo, 23 de novembro de 2003

Sunday papers (com música)

1. As movimentações e o sub-texto das últimas semanas já não deixam espaço para dúvidas. Cavaco Silva vai ser o candidato do PSD às presidenciais e Santana Lopes apenas procura espaço de afirmação para tomar conta do PSD. Só não se percebe qual o papel de Durão Barroso neste filme.
2. O Partido da Nova Democracia parece jogar ao tiro ao alvo. Num dia, quer o presidencialismo, noutro a extinção do Tribunal Constitucional. Isto, só para falar das propostas dos últimos dias. Algumas dessas ideias até me parecem uma boa base de conversa (presidencialismo, por exemplo). Se juntarmos este hiper-reformismo ao da dupla hiper-revisionista Santana/Portas, temos pano para mangas. Temo, porém, que a verdadeira reforma de que o país necessita é de comportamentos, mais do que de leis. Sinto, apesar de tudo, o dever quase cívico de conceder o benefício da dúvida a tanta boa vontade. Aguardemos.
3. Provavelmente só para chatear os bushistas portugueses, a esquerda turca manifestou-se contra o terrorismo. Estragaram a pintura quando gritaram slogans contra Bush. Desmancha-prazeres.
4. Um grupo de maduros, cinco segundo a imprensa, fez uma manifestação de apoio a Michael Jackson na baixa de Lisboa. Alguém dirá - mas por que carga de água há-de a imprensa fazer reportagem de manifestações com cinco manifestantes. Discordo. Gostei de saber que há apenas cinco idiotas em Portugal disponíveis para sair à rua na defesa daquela coisa.
5. «Larga os TPC e vem brincar na Terra do Nunca» desafia o suplemento infantil do DN/JN.
6. Brinquemos, então. Maria Rita, nome de disco e de cantora, é das melhores coisas dos últimos tempos. A menina tem um problema - é filha de Elis Regina, o que pôs meio mundo embasbacado com os semelhanças vocais. Isso desvia as atenções do essencial - por mim, resolvi o problema revendo todas as minhas concepções acerca da reincarnação. E o essencial é isto - a menina canta extraordinariamente bem, os músicos são excelentes e o disco resultante é um clássico. Tem um inédito de Milton, tem «Dos Gardenias» cantadas com uma simplicidade tocante. Tem uma canção de Rita Lee/Zelia Duncan hiper-divertida e hiper-bem-interpretada. Tem várias canções fabulosas de um tal Marcelo Camelo, que não sei quem é. Tudo muito, mas mesmo muito, BOM.