sexta-feira, 21 de novembro de 2003

Terrorismos I

O NMP, do Mar Salgado (reparem como aprendi rapidamente - estou a dirigir-me a um dos marinheiros e não ao barco todo...), chama-me «pacifisto-capitulacionista» porque escrevo umas coisas em que questiono o modo como está a ser conduzida a guerra contra o terrorismo.
Ora a chave de toda esta conversa é precisamente «o modo». Eu também acho que os terroristas teriam derrubado as Torres Gémeas se Al Gore fosse Presidente (é sempre um risco fazermos estes futurismos rectroactivos, mas enfim..). Tenho é muitas dúvidas de que Gore tivesse respondido assim.
Porque eu concordo com o NMP quando diz que o alvo central do terrorismo é, encurtando argumentos, a nossa civilização. Mas, aqui, entramos no terreno da discordância - a nossa civilização é Bush, mas também é Chirac (até são da mesma linha política...), é Estados Unidos, mas também é Europa, América Latina, and so on. Ora o senhor Bush, a seguir ao 11 de Setembro, fez questão de deixar claro, mais por actos que palavras, que era a América (e não todos nós) que estava em guerra. Parece-me que não custava nada termos começado tudo de outra forma, à nossa maneira civilizada, civilizacional, de ver as coisas, acertando agulhas, coordenando acções.
Quanto a Istambul (citando outro marinheiro, o PC), se calhar fui eu que não me soube explicar.
Com os atentados desta semana - e estou a pensar nos efeitos psicológicos e económicos, por exemplo - os terroristas quiseram dizer que aquela forma de viver o islamismo, aberta ao mundo, está errada. Que o Islão se deve isolar, se deve radicalizar. Os terroristas poderiam ter escolhido uma embaixada ou empresa britânica em muitos outros países, eventualmente alvos mais fáceis. Ao terem escolhido Istambul estão a dar um sinal muito forte para dentro, para o lado deles.
Acho que agora já me expliquei um bocadinho melhor. Ou será lirismo meu?
Quanto ao PC, podemos eventualmente agendar uma conversa sobre o tal tema da «liberdade de escolha da informação». Dou o pontapé de saída, se quiser - porque deixou de ler o DN e não o JN ou o Público?.