Terrorismos II
O Bloguitica responde à minha «pergunta chata» com outra «pergunta chata»: «O mundo estaria mais ou menos perigoso se George W. Bush nao tivesse iniciado nenhuma guerra contra o terrorismo?»
A minha primeira tentação é responder que estaria mais seguro.
Mas essa era uma opção que nenhum de nós, penso eu, subscreveria. O terrorismo tem de ter uma resposta. Tenho dúvidas de que tivesse de passar pela guerra, ou prioritariamente pela guerra, nomeadamente com países cuja conexão directa com o terrorismo nem era a mais evidente. Se o critério tivesse sido esse, a Arábia Saudita estaria na primeira linha de prioridades e não o Iraque.
A luta contra o terrorismo terá de passar, em primeira instância, pelos serviços secretos. Mas, acima de tudo, tem de passar por uma atitude mais dialogante intramuros e extramuros. O mundo globalizado, em que tudo e todos são interdependentes, exige um esforço permanente de diálogo e concertação.
Eu, por exemplo, não percebo a atitude má vontade dos EUA contra a ONU, a não ser no contexto de uma postura agressivamente imperalista. Como também não percebo a atitude cínicamente inoperante face ao Médio Oriente. Não percebo que, sendo os EUA os principais aliados de Israel, ainda não os tenham obrigado a perceber que têm de conviver com um estado palestiniano. E que conviver implica concertar regras e não impô-las. Israel comporta-se permanentemente como dono espiritual de tudo aquilo - a Palestina depende de um gesto de boa vontade de Israel e não do direito dos povos a terem uma pátria. Isto é intolerável. E toda a gente sabe o peso que o problema da Palestina tem na génese do terrorismo.
O que eu não aceito é dizerem-se que tentar resolver este e muitos outros problemas (quase todos com fortíssimas componentes de desequilíbrio económico) seja ceder aos terroristas. Pelo contrário, isso seria a melhor demonstração da nossa alegada superioridade civilizacional.
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