Terrorismos III
Por mail, alguém que diz chamar-se Shyz Nogud (!!!) responde à minha «pergunta chata» com outra pergunta: «O mundo está mais ou menos perigoso do que na altura da Guerra Fria?»
Aí, deslocamos o centro da conversa. Mas, mesmo assim, sempre lhe digo que não consigo imaginar mundo mais perigoso do que aquele que esteja dominado pelo terrorismo. Porque faz parte da natureza do terrorismo uma imprevisibilidade, diria estupidez intrínseca, que não encontramos num mundo normalizado, em que os oposições se fazem entre os estados.
É claro que, à luz do que é hoje politicamente correcto dizer, o nosso conforto na Guerra Fria era sustentado por muito sangue e sofrimento de gente a viver em regimes tirânicos. Está a ver para onde a conversa nos levaria?
O Dreamscape levanta outra dúvida - «e se em vez de Istambul tivesse sido Lisboa durante o Euro 2004?»
O Euro 2004 não me parece o tipo de acontecimento alvo preferencial do terrorismo. Os atentados jogam com o factor surpresa -geralmente, ocorrem onde menos se espera, onde não há operações de segurança. Na calma Nassiria, na calma Istambul, na paraíso de Bali, na improvável Casablanca.
Por estes dias, o alvo óbvio era Londres e isso, paradoxalmente, tornou-se o melhor seguro de vida para a cidade.
Por isso, acho que Lisboa (e Portugal inteiro) é, de facto, um alvo fácil para os terroristas (nem preciso de explicar porquê), mas não durante o Euro 2004.
E agora, seguindo os conselhos do nosso ministro da Defesa, vou pôr uma velinha a Nossa Senhora de Fátima.
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