Ainda o marketing político
O Estrangeirado de Paris manifestava um dia destes uma fé sem limites no marketing político. Vale a pena aclarar algumas ideias.
A acção política comporta sempre uma certa dose de marketing - a própria matéria da política a isso obriga. Outra coisa foi o que aqui escrevi (e acho que o que o JPP escreveu ia no mesmo sentido) - o mal é quando a política se submete ao marketing, quando a política se resume ao marketing.
Ou seja, todos estamos de acordo que o marketing pode muito em política, o problema está nos limites.
Quando os governos começam a dizer que estão a governar bem, mas a mensagem não passa, fico sempre desconfiado. Os governos têm hoje ao seu dispôr gigantescas máquinas de marketing - raro é o ministério que tem apenas um assessor de imprensa, muitas são as empresas de comunicação e imagem que sobrevivem a trabalhar para os sucessivos governos.
Gostava de esclarecer uma frase que escrevi e que os Estrangeirados citam - «o problema é que, muitas vezes, se as medidas fossem bem explicadas o povo ainda ficava mais zangado com o governo». Estava a pensar, por exemplo, na famosa questão do défice. Acho que se o povo soubesse que o problema está a ser resolvido com mera maquilhagem de circunstância e com nenhuma medida de fundo [ainda hoje o DN noticia que a Função Pública admitiu mais uma data de trabalhadores, quando era suposto acontecer o contrário] , o Governo iria ficar em maus lençóis.
Mas acho que, noutros casos, o Governo ganharia em comunicar mais. Por exemplo, no caso da Lusíada, tendo em conta as muitas ligações entre a universidade e o Governo, teria havido toda a vantagem em ter publicitado as acções empreendidas. Por exemplo, levando a questão ao Parlamento ou fazendo uma daquelas cerimónicas públicas que servem precisamente para dar explicações. Aí, o Governo deixaria implícito: «Nós temos estas ligações a esta universidade e acabamos de fazer isto. Alguém tem dúvidas?».
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