O véu em França e o racismo
Edgar Morin, numa curta entrevista ao Le Monde, mostra-se discordante com todo o barulho feito em França à volta do véu, da lei da laicicidade, etc. Porque, no fundo, diz ele, o problema não era tão grave que merecesse tanta preocupação política e legislativa. Utiliza mesmo uma expressão curiosa: «Utilizámos uma marreta para partir um ovo».
Concordo plenamente com ele. Estamos a assistir a um alarme desproporcionado acerca do racismo e da xenofobia, nomeadamente religiosa, na Europa. Estamos a tomar os poucos casos registados como se de uma onda se tratasse. E - o que me parece mais preocupante - estamos a descontextualizar esses poucos casos, muitos deles relacionados com aspectos específicos (políticos, económicos, mesmo pessoais), conferindo-lhes uma dimensão generalizada que não faz qualquer sentido.
É por isso que Morin diz: «Estamos a ressuscitar as querelas religiosas quando queríamos saná-las». Não podia estar mais de acordo.
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