quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

Soares, a pedofilia, o bloco central...

A Grande Loja solicita-me, por mail, para explicitar o que queria dizer com o texto «Tragédias, ambivalências». Aí vai.
A minha discordância com a GL começa logo na interpretação das palavras de Soares. O homem compara a investigação nos Açores com a falta de investigação na Madeira, não fala no Continente. Por isso, acho que não faz sentido falar em «branqueamento» do que se passa no Continente. Depois, parece-me que Soares diz explicitamente que gostaria de ver tudo investigado e não implicitamente que gostaria de ver tudo abafado. [É curioso, freudiano mesmo, que a GL quando fala em «ilhas» esteja a pensar na Madeira e quando fala em «Continente» baralhe o verdadeiro continente com os Açores - gato escondido... ou a política a baralhar o raciocínio.]
Discordo também da GL quando faz uma referência ao «bloco central» para recusar uma lógica de contrapesos na investigação. Porque não é nada disso que está em causa. O que está em causa é que, há vários anos, que se fala em rumores de pedofilia nos Açores, na Madeira e no Continente. [Ontem, Mota Amaral, diz que no seu tempo, há uma década, já havia rumores, e o que me espanta é que ninguém se espante que só agora estejam a ser feitas investigações]. Pois bem, o que Soares disse, embora de forma atabalhoada, é que se investiguem todos os rumores. Porque a lógica de justiça tipo bloco central, que a GL tanto abomina, parece ter sido substituída por uma lógica de justiça tipo AD, em que só se investigam os rumores se a investigação prejudicar um determinado lado.
Acima de tudo, não vejo como é que eventuais investigações na Madeira poderiam branquear, ou sequer ofuscar, as que decorrem no Continente ou nos Açores.