As imagens
Há, naquelas imagens obsessivamente repetidas de um homem de vermelho que tomba desamparado, uma certa banalização da morte.
Mas há, acima de tudo, a nossa incredulidade, o nosso espanto perante a fragilidade da vida.
Por isso, estas imagens são tão fortes.
Resisto a comparações. Mas, de certa forma, estas imagens são mais fortes que aquelas da captura da Saddam, ou do derrube da sua estátua em Bagdad. Essas são imagens da inevitabilidade. Queremos vê-las para nos assegurarmos que sim, aquilo aconteceu.
Estas são imagens do espanto. Queremos vê-las para pensarmos que não, não é possível que a nossa vida esteja presa, assim, por tão frágeis fios.
Resisto novamente a comparações, meço as distâncias, reduzo a escala e faço todas as ressalvas - mas não posso deixar de pensar no 11 de Setembro. Porque, também aí, dizíamos que não, não é possível.
Por isso, e porque não vislumbro ali caça à audiência ou sequer exploração da dor alheia, por isso compreendo aquelas imagens, a sua repetição. São as imagens do nosso espanto, como se, de repente, todos nos interrogássemos: «O quê? A vida pode acabar assim...?»
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