quarta-feira, 14 de janeiro de 2004

David Justino (epílogo provisório)

Deveria David Justino demitir-se?
Vejam bem, existem razões objectivas para isso. Sendo membro do Governo, omitiu rendimentos às Finanças, numa altura em que a evasão fiscal está no topo da agenda do Governo. Isso bastaria.
Porém, nisto das demissões pesam também as razões subjectivos. Certas condições mediáticas - acerca das quais tentei teorizar noutra encarnação - são, por vezes, determinantes. O modo como a notícia surge, o primeiro impacto, a reacção do próprio, a reacção da oposição, a agenda política, etc.
Há dois exemplos curiosos a este propósito. Paulo Portas e a Moderna - é certo que o líder do PP nem sequer foi constituído arguido, mas a verdade é, do ponto de vista político, a sua posição era francamente insustentável. Sobreviveu, porque decidiu sobreviver, ficar indiferente à onda mediática. O outro caso é o de Armando Vara e da famosa fundação - também ele decidiu resistir e foi preciso Sampaio mostrar a Guterres os custos políticos daquela resistência.
Como se vê, nisto das demissões não há propriamente um critério, uma tabela de actuação. Mas as consequências das decisões nem sempre são as esperadas, nem sempre são visíveis no curto prazo.