segunda-feira, 5 de janeiro de 2004

Epidemias e guerras sobre rodas

Na SIC Notícias informaram que, em todo o mundo, morrem diariamente três mil pessoas em acidentes de viação. E que uma organização qualquer (OMS?) considerava esse facto uma «epidemia escondida».
Em Portugal, vulgarizou-se tratar os acidentes rodoviários como uma espécie de «guerra civil». O que já deu origem a disparates do estilo de comparar o número de mortos nas estradas portuguesas com os da guerra do Iraque. E o que levou o governo a uma campanha com o slogan idiota de «Paz na estrada» (quem pensou aquilo não leu em voz alta?) e com um ícone não menos idiota que resulta da fusão de um volante com o símbolo dos hippies.
Acho toda esta linguagem um exagero.
Os acidentes na estrada (como noutro local qualquer) são inevitáveis. Isto não nos deve impedir, obviamente, de tudo fazer para os limitar. E são meritórias as campanhas desenvolvidas pelo Estado e da chamada «sociedade civil».
Mas a utilização de expressões como «guerra civil» e «epidemia» - embora possam ser interessantes instrumentos de marketing a curto prazo - não conduz a uma banalização e a uma equalização sem sentido?
[Este texto acaba de ser editado, após ter sido detectado um inexplicável (?) erro de português.]