A liberdade de imprensa (I)
Portugal não tem um problema de liberdade de imprensa.
Portugal tem é um problema de incompetência, ou falta de profissionalismo, se quiserem. Que não é exclusivo da imprensa.
Nas muitas vezes que já aqui escrevi sobre a Casa Pia (mais do que gostaria...) salientei que as instrumentalizações do processo (chamemos-lhe cabalas, ou não, é indiferente) têm um carácter organizado e contam, à partida, com um caldo mediático em que predominam a concorrência sem rédeas e a mais irresponsável das incompetências.
As redacções portuguesas são, verdadeiramente, amadoras. Contam-se pelos dedos de uma mão de um amputado os especialistas em temas de justiça, como se contam por mão idêntica os especialistas em muitas outras matérias. Geralmente, escreve-se o que interessa a alguém que se escreva. Os mais honestos ainda pensam com os seus botões: «Deixa lá, amanhã telefona a parte contrária e isto equilibra-se...» Os outros nem se apercebem do que fazem.
Isto é o dia a dia. E só não se nota muito porque as notícias não são escrutinadas como estão a ser todas as relativas à Casa Pia.
Mas na justiça passa-se o mesmo. E na política, idem. A incompetência do sistema judicial ombreia com a do mediático. E também só não se nota muito porque a maioria dos processos não são mediáticos.
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