Na Lua, mas com os pés na Terra
Um dos sinais do nosso provincianismo é acharmos que, por cá, nos entretemos na maledicência, no escárnio, na simples crítica, enquanto outros países, mais inteligentes, mais preparados, mais avançados, conseguem distinguir o trigo do joio.
Por exemplo: nós, portuguesinhos, temos de levar muito sério as promessas grandiloquentes do senhor Bush sobre a exploração espacial. Sim, porque aquilo é coisa séria, não podemos pôr-nos a criticar assim, levianamente, coisa tão determinante para a Humanidade.
Bullshit. Basta ver a imprensa americaca. O editorial do LA Times [exige registo, mas é grátis], por exemplo - ok, Bush quer ir a Marte, mas com que dinheiro, se o défice que ele próprio criou deixa a América em apuros económicos para o próximo meio século?
Ou, por exemplo, a edição da Economist [ignoro se o link só funciona para anunciantes, sorry...] que hoje é posta à venda e que tem um dossier intitulado A grand but costly vision, com o elucidativo subtítulo «Publicly financed space-exploration should be about science not political grandstanding.»
Pois é, podemos ir à Lua, a Marte até, talvez «ao infinito e mais além». Mas, por paradoxal que pareça, convém que tenhamos os pés na terra.
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