segunda-feira, 9 de fevereiro de 2004

O poder dos media (a teoria, salvo seja)

Desconfio sempre que vêm com o poder dos media, seja ele o quarto ou o contra.
Os media, ainda para mais numa sociedade como a portuguesa, chegam a uma fatia ínfima da população. E mesmo as televisões, muito mais poderosas, pelo próprio modo como trabalham a realidade, tornaram-se mais fábricas de ficções/emoções do que instrumentos de mediação no sentido clássico. O seu poder é, pois, outro.
Nestas coisas, sou tentado a dar razão ao tal Serge Halimi (autor de Os Novos Cães de Guarda, uma visão pós-maoista, mas que até direita não se importará de subscrever) - os media funcionam hoje em função de quem manda, de quem tem dinheiro.
A acepção clássica (daí o quarto ou o contra-poder) de que os media seriam uma forma de dar voz à opinião pública, aos sem voz, e dessa forma influenciar os poderes está cada vez mais fora de moda.
Os jornalistas, hoje, gostam é de conviver com o poder, não com o povo. O seu poder joga-se na traficância de influências nas diversas instâncias de poder. Os media são poderosos quando derrubam um ministro, não porque ele governe mal, mas porque algo ou alguém na cadeia do poder (dos vários poderes) decidiu que aquele ministro era para cair. E os media entram no jogo. Isto é assim, e daí não tiro ilações morais.