segunda-feira, 9 de fevereiro de 2004

Pereira Alegre

Comecemos pelas citações:
[sim, são do Expresso, mas aquilo custa 3 euros e, portanto, tem que se ler todo e comentar todo - é a economia de mercado, acho eu)
João Pereira Coutinho: «Eu não sei se o dr. Durão tenciona fazer alguma coisa sobre a matéria. Fica o conselho: é preciso limitar os mandatos desta espécie [os dirigentes do futebol].»
Manuel Alegre: «É talvez tempo de o Estado de Direito impor as suas regras ao futebol português.»
Eis como estes dois marretas, que andaram à batatada por causa do Ary, entendem que deve ser a relação entre o futebol e o Estado. Se um pede intervenção, outro pede intervencionismo. Se um pede mais leis, outro pede mais Estado de Direito na bola.
E vejam bem que nenhum deles acusa os dirigentes do futebol de fuga ao fisco ou sequer de incitação à violência, coisas concretas em que o Estado poderia intervir. Não, eles querem que o Estado intervenha porque sim. Porque o Estado é o paizinho, sempre chamado quando há birra na capoeira. Eles querem que o Estado intervenha para repôr a moral no futebol. Sim, porque, no fundo, ambos acusam os dirigentes de todos os males do futebol. Quais os males? Não se sabe bem... é assim como que um desconforto. Um desconforto moral.
Salazar ou Estaline também achavam que o desporto fazia parte do aparelho do Estado. Para glorificação do corpo e do espírito. Salazar e Estaline não sabiam é que iriam ter tão bons discípulos.