sábado, 14 de fevereiro de 2004

Santana (primeiras impressões)

Santana Lopes anuncia (no jornal de que toda a gente diz mal e que não se pode linkar porque é a pagar) que vai ser candidato à presidência da República. Porquê?
Porque ele, ao contrário de Cavaco, é o único à direita capaz de manter a coligação unida. A coligação - vale a pena recordar - foi feita para garantir o poder. Durante a campanha eleitoral, PSD e CDS mostraram que tinham ideias bem diversas para o país. Os últimos meses de Governo voltaram a mostrar isso mesmo. As eleições europeias vão mostrá-lo ainda mais (se houver uma derrota, nem que ligeira, está o caldo entornado no PSD...). Se esta tese de Santana vingar, ela será a confirmação de que o PSD está de facto refém do CDS (embora circunstancialmente possa parecer o contrário). Que o PSD optou por abandonar o centro, de alguma forma a social-democracia, e que virou à direita, para um perfil de partido conservador.
Porque ele tem um programa para o país. Aí está outra ruptura - o PR, por tradição e pela Constituição, tem um programa soft, o verdadeiro programa é do Governo. E se Santana for eleito e, a seguir, houver um governo de esquerda, o que acontecerá ao tal programa? Esta ideia de programa levanta uma questão suplementar - o actual governo não tem, afinal, o tal programa reformista de que o país necessita? O que está a ser feito são, afinal, uns fogachos a que só um PR alinhado poderá dar substância?
O que Santana propõe é um presidencialismo à revelia da Constituição.
Por isso, renovo a interrogação que aqui fiz há meses - qual o papel de Durão neste filme?