Aborto, outro nome da hipocrisia
A decisão tomada pelo Parlamento vem juntar-se ao recente acórdão de Aveiro na perpetuação da hipocrisia.
A prática judicial já tinha mostrado que a lei não é para levar a sério. Agora, os deputados da maioria vieram confirmá-lo, com todo o peso do poder legislativo. Porque, dizem, em 2006 voltamos a falar do assunto. Ou seja, esta lei que aí está é só a fingir, não liguem, a malta não pode discutir isso agora, por causa de uns compromissos, mas depois há-de dar-se um jeito.
Entretanto... na vida real, o aborto continua a ser praticado nas mais inacreditáveis condições, às escondidas, lançando sobre aquelas que o praticam todos os perigos reais para a sua saúde que essa prática, assim clandestina, acarreta. E também a desvantagem moral e o perigo, também ele real, de um qualquer juiz se agarrar à lei e decidir que, de um caso concreto, vai fazer um exemplo para que todas cumpram o que está em vigor.
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