Casa Pia - a lama «cívica»
Uma «fonte da investigação» disse ao Correio da Manhã de domingo que um dos 127 do álbum de fotografias foi identificado por testemunhas e só não foi constituído arguido porque o crime prescreveu.
Ou seja, se tirarmos a dezena de arguidos, qualquer um dos outros cento e tal é pedódilo. Só não sabemos qual...
É claro que, pelo andar da carruagem, a tal «fonte da investigação» pode continuar a acrescentar suspeitas nas próximas semanas.
Até porque, no Jornal de Notíticas de hoje, refere-se que as 127 personalidades «foram quase todas referidas no processo, como suspeitos de abusos ou como tendo relações de proximidade com os arguidos».
Ou seja, aquela é uma lista de suspeitos de serem suspeitos.
Mário Mesquita, no Público de domingo, chama-lhe «álbum da totoculpa», explica como a lista poderia (deveria?) ter sido diferente e alinha algumas justificações (a questão mediática) para que tenha sido assim e não de outra forma.
No Correio da Manhã de domingo, Moita Flores também explica as (des)razões da lista. E nota que nela figuram, curiosamente, muitas pessoas que criticaram publicamente o processo.
Mesquita espanta-se com a falta de indignação pública. Flores chega ao ponto de exigir a demissão do PGR.
Mas a verdade é que convém não nos indignarmos muito - qualquer indignado é candidato a suspeito.
Espantoso é que Marcelo Rebelo de Sousa considere a lista «serviço cívico». Mesmo que a lama continue a ser atirada sobre «suspeitos» que já prescreveram. Mesmo que a lama lhe possa cair em cima. Cívico, diz ele!
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