De Madrid a Rabat, passando por Granada
A confirmar-se a pista marroquina nos atentados de Madrid, a Europa tem razões de sobra para se preocupar. Porque a Al-Qaeda, ou uma qualquer das suas sub-secções, poderá continuar a dizer que é tudo por causa do Iraque. Mas não é.
No mundo árabe, os Estados Unidos serão o alvo a abater por uma infinidade de razões, que vão da Palestina às bases militares na Arábia Saudita, passando por um desconforto sem contornos relacionado com a dominação cultural.
Mas, na margem Sul do Mediterrâneo, a Europa está na mira desde que os mouros foram expulsos de Granada. A fractura Norte/Sul passa pelo Mediterrâneo - é uma fractura económica, religiosa, cultural.
Durante as últimas décadas, a migração rumo à Europa foi a tendência mais forte. Apesar dos problemas, naturais sempre que duas culturas se confrontam, fomos convivendo. Mas o 11 de Setembro e tudo o que se lhe seguiu abriram uma caixa de Pandora. E a Europa, não os EUA, estão por natureza na primeira linha do confronto.
O que a UE tem feito nos últimos anos - um trabalho de aproximação e cooperação, lento, mesmo com regimes que politicamente nos repugnam - tem funcionado, talvez melhor do que poderemos supôr. Esta talvez seja a hora de a Europa insistir nessa ideia.
Ou, se se provar a pista marroquina, haverá por aí alguém disposto a uma nova cimeira dos Açores para dar um ultimato a Rabat?
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