Dialogando com terroristas
Mário Soares defendeu o diálogo com a Al-Qaeda. Não encontro reproduções das suas palavras, mas apenas notícias genéricas. Tomemos como boa a interpretação que a SIC Notícias está a fornecer - Soares propõe diálogo com a Al-Qaeda.
Tenho defendido aqui que a guerra não me parece a solução para combater o terrorismo. Os factos aí estão para o provar.
Mas esta ideia do «diálogo» parece-me especialmente peregrina. Não é possível qualquer diálogo com terroristas. Nem sequer me parece que seja isso que eles querem. Eles, os do terrorismo global, querem apenas espalhar o medo, um medo total e global, à sombra do qual sonham ser possível impôr as suas regras. Trata-se de algo profundamente estúpido, mas o terrorismo é estúpido (e isto não é um afirmação indignada, tenta ser uma análise fria...).
Já terei escrito aí algures que o combate ao terrorismo passa, em meu entender, por dois eixos centrais de acção: o trabalho dos serviços secretos; o combate às causas geradoras do terrorismo.
No primeiro caso, admito que seja necessário recorrer, em casos específicos, a meios mais pesados, incluindo armados, e que, igualmente em casos específicos, haja algum sacrífico, ponderado, das liberdades.
No segundo, incluo o apoio ao desenvolvimento, o combate à pobreza, os incentivos a democratização.
Aquilo a que temos assistido é à confusão deliberada de todos os meios: como os serviços secretos não funcionam, impõe-se a democracia pela guerra. O resultado tem sido o desastre que está à vista de todos.
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