quarta-feira, 17 de março de 2004

O medo, a mentira

Zapatero ganhou as eleições porque houve um atentado. Um atentado da Al-Qaeda.
Não tivesse havido atentado, ou tivesse ele sido da ETA, e Aznar duraria. Por interposta pessoa, mas duraria.
Mas não foi a Al-Qaeda que ganhou as eleições.
Porque o que levou os espanhóis a mudarem de opinião em 48 horas não foi o medo, mas a indignação perante a mentira.
Tivesse o medo sido o motor da viragem e era indiferente que o atentado fosse da ETA ou da Al-Qaeda. Mas não. Naquelas horas terríveis entre o acordar de quinta-feira à tarde e o despertar de sábado, o que os espanhóis queriam saber era quem tinho sido. Isso era fundamental, percebia-se a cada passo. Respirava-se no ar pesado de Madrid.
Foi nessas horas que se deu o clique, que milhões perceberam o logro, não desses dias, mas dos muitos que tinham ficado para trás.
O voto de domingo foi um voto indignado, de protesto interno, não de medo face a algo exterior.