terça-feira, 9 de março de 2004

Os exames

Voltou a polémica sobre os exames no básico e secundário. Como todos somos filhos, pais, alunos, ex-alunos, professores, explicadores nas horas vagas, em suma, pedagogos, todos temos opinião. Aí vai a minha.
É óbvio que um dos males portugueses é o facilitismo, de que uma das faces mais visíveis é a falta de controlo de qualidade. Isto é válido para a educação e para o resto.
Também me parece ser necessário encontrar algum equilíbrio no sistema de educação. Por natureza (e ainda bem que assim ocorre...) ele é um dos mais expostos à inovação, à experimentação. Mas também é verdade que o sistema não pode ficar à mercê das vontades e birrinhas, não de cada partido ou orientação ideológica, mas mesmo de cada ministro.
Não discuto a existência de exames - parece-me que eles nunca deveriam ter sido eliminados - mas penso que valeria a pena debater um pouco que tipo de avaliação queremos nas escolas.
Desde logo, saber que peso terão os exames na avaliação final. Dito de outra forma - não deverá a avaliação contínua ter um peso considerável? Não será essa uma das formas de evitar que a aferição de conhecimentos recaia exclusivamente sobre um momento específico, excessivamente determinante?
Queremos exames nacionais, ou a nível de escola? Ou seja, que grau de autonomia queremos para as escolas? Queremos tudo normalizado por uma bitola nacional, ou admitimos variantes de ritmo ou mesmo conteúdo? Ou quereremos algo que combine as duas vertentes?
Receio que o debate limitado à existência dos exames seja redutor, sacralizando ou diabolizando os exames. Estes nunca serão, por si, um meio para melhorar o ensino em Portugal. Mas podem ser um dos meios, permitindo, além de avaliar o aluno, fazer uma avaliação sobre o próprio sistema (Importaria saber, por exemplo, se os resultados dos exames de aferição conduziram a qualquer rectificação no ensino básico).