É a paz, é a paz !
As manifestações de ontem contra a guerra, a começar pela de Lisboa, foram um flop.
Dificilmente a mobilização de há um ano seria repetível (a propósito, onde andam os teorizadores dessas manifs como a nova superpotência mundial?).
As manifs de Fevereiro de 2003 tinha um carácter genuíno irrepetível - aquelas pessoas estavam convencidas de que podiam influenciar a História. De certo modo, fizeram-no - não evitaram a guerra, mas contribuiram para a criação da ideia pública de que havia uma alternativa, de que a guerra não era inevitável.
Um ano volvido, ganhou o realismo. No terreno, há uma situação política e militar, de facto, que é necessário resolver. Com a participação dos EUA, das Nações Unidas, dos iraquianos, de toda a gente.
O protesto que saltou para as ruas há uns anos foi, entretanto, mastigado politicamente. Está a ter consequências políticas internas nos vários países - os casos inglês (as mentiras, os inquéritos), americano (as sondagens que dão vantagem aos democratas) e espanhol serão a face mais visível dessa herança de Fevereiro de 2003. Essas manifs e muita coisa do que se lhe seguiu contribuiram decisivamente para a melhoria do sistema democrático em que vivemos.
Só se espera que o realismo que ontem imperou não seja ignorado pelo campo dos guerreiros do costume. Porque aquele flop não foi a vitória desses guerreiros, mas sim a vitória do bom senso de quem agora revelou tal realismo.
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