sexta-feira, 23 de abril de 2004

O mundo louco da bola

Quando digo que, no mundo louco da bola, presumo que todos sejam culpados até prova em contrário, estou a recorrer ao mesmo tipo de exagero que leva toda a gente a considerar que toda a gente é inocente até prova em contrário. Veja-se, por exemplo, o processo Casa Pia - já todos percebemos que é impossível presumir inocência em algumas daquelas figuras.
Vem isto a propósito de um comentário de dm, no Golpes de Vista. E que me dá a deixa para mais duas ou três ideias.
Desde logo para certificar que tenho, de facto, não um preconceitozinho, mas um realíssimo preconceito contra o desporto em geral e o futebol em particular. Não acha graça a nada daquilo, seria incapaz de praticar e diria mesmo que sou incapaz de assistir. Se não acha graça nenhuma ao futebol, imaginem o que penso dos ordenados fabulosos que os artistas recebem, das horas que a televisão do Estado (que pago...) lhe concede, da panóplia hilariante de dirigentes que por ali andam. Nada a fazer, portanto. Sou irrecuperável...
Quanto ao resto, faço minhas as palavras de dm - que se desenrolem os vários novelos. Do futebol, da política, dos empreiteiros... Tenho, porém, pouca fé. Para mim, a justiça é como a Brigada de Trânsito - apanha uns prevaricadores e os outros ficam com medo de ser agarrados e emendam-se. Não tenho, por isso, a ilusão de que, agora ou noutra altura qualquer, sejam apanhados todos os malandros, ou pelo menos a maioria. Já ficaria satisfeito se apanhassem alguns. Mas nem nisso acredito. Quanto a isto já gostaria de ser recuperado. Adorava estar enganado.