Viva a corrupção
Quem por estes dias passar os olhos pela imprensa nacional assusta-se - Portugal naufraga em escândalos. Não há partido que escape, câmara acima de suspeita, clube de futebol que se aproveite.
A verdade é que já todos sabíamos que era assim. Até adivinhávamos o nome dos protagonistas, o circuito dos dinheiros, as manhas e tramas dos esquemas.
Sorrimos, por isso. Foste apanhado, tinhas de ser apanhado, mais tarde ou mais cedo...
Sabemos que isto não é de agora, que esta corrupção não nasceu ontem. Pela parte que me toca, não acredito nas teses pias de que a investigação está agora a funcionar melhor, que a justiça funciona, que por isso podemos ficar mais descansados. Não acredito, mas não deixo de me interrogar, de me inquietar, sobre as razões pelas quais não foi possível esconder mais tanta podridão.
Não me descansam as afirmações sensatas de Maria José Morgado: «Temos corrupção porque vivemos em democracia». Mas admito que uma das pistas para que agora tudo se comece a saber passe por aí. A alternância de ciclos partidários dá nisto - tu denuncias-me e eu denuncio-te, tu investigas e eu investigo-te. A alternância, entre tantas desvantagens (a começar no rotativismo de um pessoal político que, parecendo diferente, é sempre o mesmo...) também terá, afinal, as suas vantagens.
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