A apropriação da dôr
Há uma coisa que me incomoda muito profundamente nestes debates sobre guerras longínquas (serão?). Iraque e muito particularmente Israel.
É quando se misturam os argumentos da razão com a emoção, como que a dizer ao outro: «Tu racionalizas, não tens razão, mas racionalizas. Não sentes isto como eu sinto. Isto dói-me e a ti não. Eu venho aqui dizer-te isto porque tenho o coração a sangrar e tu, aí, cerebral, dizes-me que não, as lágrimas não contam, conta é a análise fria, inquinada, enviesada.»
Isso eu não suporto, essa má-fé feita de dôr alheia, essa partilha da dôr como argumento de debate, como se a dôr, o sentimento, a partilha, estivessem apenas de um dos lados. Isso eu não suporto.
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