A verdade a que temos direito (3)
Esta reflexão dos jornalistas americanos surge numa altura em que o criticismo face aos media está altíssimo. E, curiosamente, pelo menos do lado de cá do Atlântico, pelas razões exactamente inversas às apontadas pelos jornalistas americanos.
Querem as pessoas jornalistas mais activos, mais intervenientes, mais inconvenientes?
Parece que não.
Primeiro, uma certa classe política - cansada de ser atrapalhada pelos media - começou, através dos seus mais dilectos porta-vozes, a questionar a legitimidade e o trabalho concreto dos jornalistas. Depois, esse hipercriticismo alargou-se a alguns «iluminados», de que a nossa blogosfera é apenas um dos exemplos. O fenómeno tende agora a alargar-se a toda a sociedade, numa aplicação do velho princípio de matar o mensageiro das más mensagens. O Iraque corre mal? Se calhar, não corre tão mal, os jornalistas é que não páram de falar do asssunto, é que exageram. A Casa Pia já fede? O problema não é de quem cometeu os crimes, nem da justiça que funciona muito mal, é dos jornalistas, que não páram de vasculhar, de mostrar o que ninguém gosta de ver.
Os jornalistas terão culpas no cartório quanto à situação a que se chegou - pela irresponsabilidade e incompetência que campeia. Mas a verdade é que, pelo caminho que as coisas tomam, parece ser a própria sociedade - ou as suas componentes mais activas - a exigirem progressivamente menos jornalismo e não melhor jornalismo.
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