Cinco pontos sobre a situação
1. É claro que, se Durão Barroso tiver o convite e as condições para ser presidente da Comissão Europeia, deve aceitar. Não é razoável exigir de alguém que rejeite uma oportunidade destas. Portugal ganha alguma coisa com isso? Ganhará sempre, nem que seja apenas marginalmente, nem que seja apenas no marketing.
2. Durão tem um problema - romper o contrato que aceitou dos portugueses. Os contratos, como se sabe, podem ser rompidos, desde que se cumpram certas regras, que se expliquem as razões e, sobretudo, que haja boa-fé.
3. É claro que, se Durão Barroso se demitir de primeiro-ministro, o país deve ir para eleições antecipadas. A Constituição permite que isso não aconteça, mas a legitimidade política não se faz apenas da legitimidade que está na lei. Os portugueses votaram nele para primeiro-ministro - as eleições legislativas são altamente personalizadas. A pessoa e o projecto que foram escolhidos foram os de Durão Barroso, não do PSD. Remeto para a questão da boa-fé da alínea anterior.
4. Tendo em conta o trajecto presidencial de Jorge Sampaio, é de esperar que não haja eleições antecipadas. Sampaio fará mal e estará a contribuir decisivamente para a criação de uma situação política com todos os ingredientes para acabar mal, muito mal. Nesse sentido, a convocação de eleições antecipadas seria um acto patriótico (não devemos ter medo das palavras).
5. A oposição, a começar pelo PS, apenas pode exigir e manifestar-se disponível para eleições antecipadas. A oposição tem toda a legitimidade para fazer uma leitura política da situação, nomeadamente à luz do resultado das eleições europeias.
[Gralhas corrigidas.]
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